Rua Tamanás 2001
Texto MARILENA DíŠGELO
Repórter de imagem CLíUDIA ALCIONE PEREIRA
Fotos PEDRO ABUDE
REVISTA CASA E JARDIM
ANO 52 – N° 614 / MARí‡O – 2006
A Arquitetura moderna e orgãnica nomeia a casa de 380 m2 que o Arquiteto Roberto Paternostro projetou para a sua família – mulher e dois filhos jovens – em Pinheiros, São Paulo. O uso de pilotis para sustentar a construção em concreto armado foi fundamental para preservar ao máximo o terreno com vegetação e desnível de até 3m nos fundos. Espaços fluidos nos dois pavimentos, boa insolação e comunhão com o verde: tudo ficou como pregava o arquiteto franco-suíço Le Corbusier.
“Tivemos que transplantar as árvores do centro do terreno de 21 x 25m para viabilizar a obra. Uma mangueira e uma amoreira foram plantadas em praças próximas, sob supervisão da Secretaria do Verde e outras espécies foram aproveitadas no paisagismo da casa,†diz Paternostro.
Para melhor atender í s necessidades da família, Paternostro criou vários volumes com formas orgãnicas e distribuição racional dos ambientes. A vida íntima acontece no piso principal, onde ficam o living, a sala de jantar, a cozinha e as suítes. No living, a parede da fachada é cega para que o excessivo barulho da rua não incomode os encontros familiares em frente í TV ou durante as refeições. Apenas delicados tijolos de vidro retangulares enfeitam e deixam vazar a luz.
Os volumes em ziguezague dão movimentação na fachada lateral e facilitam a insolação nos três quartos, pela manhã, com janelas de canto voltadas para o leste. A defasagem entre os cômodos permite melhor arranjo funcional na circulação interna e na dimensão de cada ambiente. O corredor começa alinhado í primeira suíte e termina na do casal, que é maior do que a dos dois filhos. Como os banheiros dessas suítes ficam no meio da casa, foram criadas aberturas zenitais com shed (inclinação no teto) para a ventilação e a iluminação natural.
A construção sobre pilotis liberou a área para abrigar quatro carros, com folga para manobra e para criar o amplo salão com varanda onde são recebidos os amigos. Neste espaço, uma espécie de family room, ficam a biblioteca, o computador e o home theater, fechado por parede curva. No mesmo pavimento coube ainda a área de serviço. Esses dois volumes tiveram as paredes externas pintadas de lilás e de vermelho para se destacarem na fachada de linhas retas e brancas.
O granilite salpicado com ladrilhos hidráulicos desenhados pelo arquiteto reveste a maioria dos ambientes internos. Apenas os quartos têm piso de madeira. No living, o granilite é de grãos grossos e, no salão, tingido com pó vermelho. A área externa é revestida de placas de arenito vermelho que contrastam com o branco das paredes. As portas e janelas, com esquadrias de alumínio com pintura eletrostática, são protegidas por lajes de concreto em balaço.
Apenas uma escada central faz a ligação interna entre os dois pavimentos e é utilizada pela família e pelos empregados. “A entrada mais usada da casa é a do piso inferior, porque sempre chegamos de carro. Os amigos de meus filhos costumam ir direto do portão para o salão, descendo os degraus entre as floreiras de concretoâ€, diz o arquiteto. Para entrar direto pelo living, no piso superior, ele criou a larga ponte de concreto com guarda-corpo de ferro, estabelecendo uma relação poética da natureza com a casa.