Edifício residencial no bairro do Tucuruvi, SP.
Cliente: Donizete F.
írea: 400,00 m2 em terreno de 360 m2.
Ano: 1987
Texto escrito por Alessandro Castroviejo Ribeiro e Vasco Caldeira,
extraído da Revista AU n° 59, de abril / maio de 1995.
Uma casa urbana para uma família com raízes no interior paulista, sem recorrências nostálgicas e um programa relativamente enxuto, porém justo para um lote de 12 m x 30 m, são elementos marcantes deste projeto, que interpreta com correção suas condições planimétricas e deixa para um segundo plano a criação de ambiências internas que relacionem os limites do terreno e a massa construída. Deseja-se, pelo contrário, uma contenção do programa dentro de limites claros, que distinguem os espaços internos dos externos. A imagem que prevalece é a de uma casa-apartamento í cavaleiro, que privilegia com suas aberturas principais sua face mais pública, a nordeste, voltada para a rua. Desta forma, duas paredes (lãminas) alinhadas í s divisas longitudinais do terreno desencadeiam as organizações dos espaços e agenciamentos do programa, preestabelecendo uma volumetria básica que ora se modifica com a adição de volumes expressivos de certas especializações, como na caixa de escada e banho da suíte principal; ora com as subtrações dessa mesma volumetria inicial, “escavando†aberturas como a do acesso principal ou a reentrãncia contígua aos vazios sob a passarela. A estes procedimentos incorpora-se uma escrita fincada na racionalidade estrutural, antecipada nos controles geométricos do projeto, mas apenas insinuada como expressão arquitetônica de primeira ordem: alguns elementos estruturais simplesmente afloram esporadicamente entre os panos de alvenaria, como vigas de borda e paredes da caixa-d’água e escada, ou ainda como pilar isolado que recebe parte da carga da cobertura do terraço. Uma linguagem que se completa com o acoplamento de brises e marquises e com os tratamentos dispensados aos materiais de vedação- tijolo de barro comum e de vidro -, onde se exploram mais suas qualidades plásticas e expressivas decorrentes de sua natureza construtiva do que do exercício lúdico í procura de outras figurações ou grafismos.
A singularidade do programa reside mais na solução de um único dormitório, banho e closet para as três filhas do casal, do que do arranjo das áreas funcionais; no pavimento inferior, garagem e dependências de empregada; no térreo, estar e serviços; no superior, dormitórios.
Ao sistema construtivo, constituído por estruturas de concreto e vedações de tijolo aparente, não corresponde a priori um sistema estrutural único para o conjunto. O que ocorre são soluções estruturais que se adaptam í s circunstãncias de cada situação espacial e garantem lajes lisas. Assim se sucedem: nos pisos, laje treliçada de 30 cm, pré-moldada, que vence um vão de 7 m sem vigamentos transversais, e se apoia sobre vigas e pilares de concreto embutidos na parede, í vista, de 1 ½ tijolo de barro comum; nos balanços, um sistema de lajes maciças que descarrega suas cargas nos vigamentos periféricos e sucessivamente nos pilares; na cobertura, laje plana maciça moldada in loco, com vigas invertidas e impermeabilizada com manta asfáltica. Proteção mecãnica de argamassa de cimento e areia, proteção térmica de cinasita (argila expandida) e rufos de chapa de aço em toda platibanda da cobertura concluem o sistema de impermeabilização. A iluminação zenital sobre a passarela é resolvida com estrutura de alumínio e vidro temperado liso, encaixilhado e com aplicação de silicone para melhor estanqueidade. Os pisos são em jatobá nas salas e quartos, de granito na copa e cozinha, de mármore travertino nos banheiros e cerãmicos nas áreas externas. Portas e esquadrias de madeira nos quartos e alumínio no geral, pintadas de preto.